ONDE PÁRA O DINHEIRO?
Até ao ano 2000 houve uma relação estável entre os Novos Fogos Concluídos e o volume, sempre crescente, do crédito que os bancos dão para compra de casa.
Com base nesta relação seria de esperar que o crédito à habitação depois de 2000 caísse, como ilustra a linha amarela do gráfico seguinte.
Mas não. O crédito à habitação (linha vermelha) continuou a sua marcha ao mesmo tempo que os Novos Fogos Concluídos baixavam de 40 mil no 3º trimestre de 2002 para 10 mil no 4º trimestre de 2006.
Ou seja, há anos que a construção está nas lonas mas continua a aumentar muito o recurso ao crédito à habitação.
Nem todo o crédito pedido ao banco para habitação tem de ser para compra de Fogos Novos. Pode haver crédito para obras de reconstrução, conservação ou restauro. Pode haver crédito para habitação não classificada como Novo Fogo, desde logo, para compra de casas em segunda mão e provavelmente estas duas finalidades têm estado a bom ritmo.
Acontece é que a divergência entre a queda drástica da construção e o aumento contínuo do crédito é demasiado grande para ser explicada apenas e sobretudo por estes aspectos.
Por isso coloca-se a questão: aonde pára este dinheiro? Serão 25 biliões €? Será mais? Enfim, é de certeza muito, muito dinheiro.
O crédito à habitação é vantajoso para duas das três partes envolvidas: para os bancos e para os consumidores. Para os bancos porque fidelizam os clientes e concretizam negócios por prazos longos dando solidez ao balanço. Para os consumidores porque pagam taxas de juro mais baixas do que, por exemplo, no crédito ao consumo e têm uma menor incidência fiscal. Só a DGCI é que fica a perder. Quando a malta recorre ao crédito à habitação em vez de usar outro tipo de crédito lá se vai o IVA e ainda dá direito a benefícios fiscais em IRS.
Assim, faz sentido alguma batota consentida. Pede-se um crédito hipotecário de 70 mil euros que vai direitinho para um cabriolet e deixa-se de lado um pé-de-meia para os rainy days.
Há ainda outra leitura desta situação. Até ao ano 2000 o endividamento dirigiu-se sobretudo para a melhoria das nossas condições de habitação. Os investidores estrangeiros emprestaram-nos dinheiro para investirmos na habitação. Após este ano o endividamento continuou a aumentar já não tanto para investimento em habitação mas, provavelmente, para suportar níveis de consumo difíceis de manter.
Quer dizer. Até ao final do século as famílias endividaram-se para investir, não pondo em causa a sua sustentabilidade financeira de longo prazo. Depois disso, parece que boa parte do endividamento é para aguentar consumos que podem ou não ser, a longo prazo, equilibrados.
Em qualquer dos casos, as dívidas vão ser pagas.
Com base nesta relação seria de esperar que o crédito à habitação depois de 2000 caísse, como ilustra a linha amarela do gráfico seguinte.
Mas não. O crédito à habitação (linha vermelha) continuou a sua marcha ao mesmo tempo que os Novos Fogos Concluídos baixavam de 40 mil no 3º trimestre de 2002 para 10 mil no 4º trimestre de 2006.
Ou seja, há anos que a construção está nas lonas mas continua a aumentar muito o recurso ao crédito à habitação.
Nem todo o crédito pedido ao banco para habitação tem de ser para compra de Fogos Novos. Pode haver crédito para obras de reconstrução, conservação ou restauro. Pode haver crédito para habitação não classificada como Novo Fogo, desde logo, para compra de casas em segunda mão e provavelmente estas duas finalidades têm estado a bom ritmo.
Acontece é que a divergência entre a queda drástica da construção e o aumento contínuo do crédito é demasiado grande para ser explicada apenas e sobretudo por estes aspectos.
Por isso coloca-se a questão: aonde pára este dinheiro? Serão 25 biliões €? Será mais? Enfim, é de certeza muito, muito dinheiro.
O crédito à habitação é vantajoso para duas das três partes envolvidas: para os bancos e para os consumidores. Para os bancos porque fidelizam os clientes e concretizam negócios por prazos longos dando solidez ao balanço. Para os consumidores porque pagam taxas de juro mais baixas do que, por exemplo, no crédito ao consumo e têm uma menor incidência fiscal. Só a DGCI é que fica a perder. Quando a malta recorre ao crédito à habitação em vez de usar outro tipo de crédito lá se vai o IVA e ainda dá direito a benefícios fiscais em IRS.
Assim, faz sentido alguma batota consentida. Pede-se um crédito hipotecário de 70 mil euros que vai direitinho para um cabriolet e deixa-se de lado um pé-de-meia para os rainy days.
Há ainda outra leitura desta situação. Até ao ano 2000 o endividamento dirigiu-se sobretudo para a melhoria das nossas condições de habitação. Os investidores estrangeiros emprestaram-nos dinheiro para investirmos na habitação. Após este ano o endividamento continuou a aumentar já não tanto para investimento em habitação mas, provavelmente, para suportar níveis de consumo difíceis de manter.
Quer dizer. Até ao final do século as famílias endividaram-se para investir, não pondo em causa a sua sustentabilidade financeira de longo prazo. Depois disso, parece que boa parte do endividamento é para aguentar consumos que podem ou não ser, a longo prazo, equilibrados.
Em qualquer dos casos, as dívidas vão ser pagas.
Autor: Luis Rosa (economista)
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