21 DE MARÇO- DIA MUNDIAL DA ÁRVORE
(...) " Impressionante o cheiro de terra que comprimia o seu corpo de semente. No começo, quando o vento a lançara sobre o solo, tinha algum movimento, mas depois o mesmo vento, como se cumprisse uma missão, viera rodopiando, até a cobrir de areia. Aos poucos foi conseguindo respirar, até se acostumar com aquele aprisionamento. Alguma coisa garantia não durar muito... Uma angústia enorme invadia toda a insignificância do seu ser, porque a terra, sempre escura, não contava nada do que se passava do lado de fora. Verdade era que tinha saudade do Sol e dos cantos dos pássaros; entretanto, acalmava-se e tentava compreender que aquele mistério fazia parte necessariamente da sua transformação.
E os dias iam passando, compridos e iguais, aumentando cada vez mais as horas de calor. Às vezes, vermes escorregadios tocavam no seu corpo nervoso e isso fazia com que desejasse voltar ao mundo antigo.
Não podia falar porque a terra quente, abafando tudo, transformava suas palavras em silêncio. Pensou em outras sementes aprisionadas, sofrendo também a mesma angústia da humilde espera.
Até que um dia, uma absoluta calma substitui seus pequenos frêmitos e uma espécie de sono paralisou-a; só foi despertada por um grande ruído. A terra estremecia de medo porque a natureza trovejava. Sentiu o baque da chuva sobre o solo e o cheiro gostoso do chão que estava sendo molhado. Depois... as gotas de chuva introduzindo-se, infiltrando-se, até ao âmago da terra... Vinham cansadas da longa viagem feita do céu através do espaço zangado...
A alma da sementinha despertou porque as gotas se aproximavam cada vez mais. Até que seu dorso foi arrepiado pela frialdade do líquido e uma voz clara falou:
- Ei, menininha! Agora você pode libertar-se; agora você pode perfurar a terra e alcançar a liberdade.(...)
E os dias iam passando, compridos e iguais, aumentando cada vez mais as horas de calor. Às vezes, vermes escorregadios tocavam no seu corpo nervoso e isso fazia com que desejasse voltar ao mundo antigo.
Não podia falar porque a terra quente, abafando tudo, transformava suas palavras em silêncio. Pensou em outras sementes aprisionadas, sofrendo também a mesma angústia da humilde espera.
Até que um dia, uma absoluta calma substitui seus pequenos frêmitos e uma espécie de sono paralisou-a; só foi despertada por um grande ruído. A terra estremecia de medo porque a natureza trovejava. Sentiu o baque da chuva sobre o solo e o cheiro gostoso do chão que estava sendo molhado. Depois... as gotas de chuva introduzindo-se, infiltrando-se, até ao âmago da terra... Vinham cansadas da longa viagem feita do céu através do espaço zangado...
A alma da sementinha despertou porque as gotas se aproximavam cada vez mais. Até que seu dorso foi arrepiado pela frialdade do líquido e uma voz clara falou:
- Ei, menininha! Agora você pode libertar-se; agora você pode perfurar a terra e alcançar a liberdade.(...)
(...) Levantou os braços os braços para restabelecer-se. Nesse momento diversas gargalhadas estouraram.
Encolheu-se rapidamente e levantou a vista para uma porção de grandes árvores. Parece que os seus olhos assustados produziram forte efeito sobre as velhas plantas.
- Olhe- exclamou um pé de simbaíba. - A pobrezinha está tremento de medo.
O velho jatobá agitou levemente a sua grande copa.
-Foi a primeira a nascer. E como é frágil e verdinha!
A palmeira-de-tucum esticou seus dedos finos de espinhos e murmurou com ênfase:
- Pelo jeito será um pé de imburana!
- Engana-se, minha cara. Para o futuro vai transformar-se num belíssimo pé de canjirana-branca – tornou a falar o velho jatobá.
Seus olhos, então, foram percorrendo mais calmamente as árvores grandes e copadas. E como eram lindas! As folhas brilhavam à luz, apresentando um verde claro e sadio. Bem que Dona Chuva dissera que acharia avida exuberante e bela ".
in "Rosinha Minha Canoa" de José Mauro de Vasconcelos
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