terça-feira, 16 de setembro de 2008

UM COMENTÁRIO JÁ ANTIGO, QUE AINDA NÃO TINHA SIDO PUBLICADO

"Olá, João. Pedes o meu comentário sincero. Dou-o muito facilmente: o teu blogue abre uma janela electrónica, mas não virtual, de bom gosto, inteligência e esperança no meio do caos de cimento que desde há trinta anos, com tanta pena minha, se instalou no Algarve! Juntas o útil ao agradável, publicitando os teus projectos - que bem justificam uma assinatura - com a divulgação lúdica, original e muito bem escrita de informações de interesse geral. Já dizia o Aristóteles que a forma é a alma das coisas - sobretudo para quem tenha por ofício habitar a arte, atrevo-me a acrescentar. A alma algarvia tem estado doente - vêm-me sempre à memória a marina cor-de-laranja de Portimão, a marina de todas a cores de Albufeira, a muralha de torres suburbanas da Praia da Rocha (o que diria o autor de "Agosto Azul" ou "Regressos" !?) ou das torres não menos suburbanas de Armação. Apesar de tudo o que já se escreveu e disse, tenho para mim que Quarteira teve a sorte de ter crescido de forma bem mais sustentada e ordenada que os exemplos que citei: foi planeada para acolher a multidão do Verão - falta-lhe um mercado e um lugar para o carro; não foram desventradas algumas das mais bonitas falésias da Europa; foi gizada uma avenida marginal onde vale a pena passear. Fui informado há algum tempo, no âmbito de um encontro profissional, que Quarteira terá mesmo sido utilizada como modelo para o POLIS da Caparica, o que faz todo o sentido dadas as semelhanças geográficas e de turismo entre as duas praias. Aqui fica então o meu comentário sincero e o encorajamento para que prossigas o teu blogue: serei um leitor muito interessado. Ofereço em troca um pequeno poema - que aqui guardo no computador do escritório - inspirado pela praia que me deu a conhecer a beleza do Algarve, já lá vão alguns anos, e onde no Verão passado tive que esperar que a maré baixasse para poder estender a toalha! Um abraço. Miguel A. S.

"Don'ana
Impregna-se a baunilha na maresia, percorre a textura rosa da falésia, a distância que define o tempo e que chega sem demora agora. As esponjas, as estrelas e os cavalos-marinhos brincam na areia molhada. Ecoam as frágeis vagas, timidamente, pelos socalcos rugosos das rochas. Preenche-se o espaço com a unidade duma esfera imóvel e sem idade, que logo se esfrangalha, em reminiscências várias, subindo de um palco sem tecto, levada pelo vento do afecto
."

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