sexta-feira, 16 de maio de 2008

CENTRO CULTURAL DE QUARTEIRA

- Proposta do Atelier Pedroso para o Centro Cultural (estudo prévio) -

Foi anunciada a intenção de contratar um arquitecto de renome internacional para a elaboração do projecto do Centro Cultural de Quarteira.
Várias razões podem presidir esta decisão.
Convidando uma arquitecto internacionalmente reconhecido pode, per si, constituir garantia de que o resultado final seja de grande qualidade arquitectónica. Por outro lado - e já começa a ser pratica corrente - as obras de “assinatura“ têm constituído uma mais valia para as cidades que as acolhem. Basta ver o designado “efeito Bilbao“ após a construção do Museu Guggenheim, com a “assinatura“ de Frank O. Gehry.
Sucede que em Portugal a adjudicação da obra pública, incluindo projectos de arquitectura, tem regras, nomeadamente as estabelecidas no Decreto-Lei 197/99, de 8 de Junho e demais legislação aplicável.
Assim, de acordo com o disposto no nº3 do artigo 179º do citado diploma legal, e citamos:“um terço do número máximo previsto de concorrentes que se pretende seleccionar pode ser directamente convidado para apresentar projectos ou planos sem necessidade de apresentação de candidaturas“.
Temos assim que este tipo de concurso/convite abrange dois grupos de profissionais:
- os VIP’S de renome internacional que são convidados a apresentar propostas e ficam dispensados de apresentar candidatura, o que quer dizer que ficam dispensados de recolher toda aquela papelada chata, designadamente os comprovativos de que não estão tesos (capacidade financeira), que não são bandidos (ausência de sanções disciplinares) e que não são caloteiros (ausência de dívidas ao Estado);
- o segundo grupo, os tais sem renome internacional, lá vão ter de arranjar a tal papelada.
Fica assim claro que por cada VIP há que arranjar três concorrentes para imolação.
Internacionalmente só sou conhecido pelos meus amigos de Madrid, Barcelona, Paris, Bruxelas, Londres, Macau e mais algum que agora não me lembro.
Para imolação não tenho vocação.
E mais uma vez, como já vem sendo tradição por estas bandas, vão-nos dizer que no Algarve não há arquitectos de qualidade suficiente para um projecto desta natureza, designadamente conceber uma sala com cento e oitenta lugares sentados, biblioteca, sala de exposições mais uns camarotes e uns bengaleiros (actual programa de ocupação).

4 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem esgalhado este post, parabéns.
È lamentavel que entre os seus seus pares, os mandantes da Câmara de Loulé não revejam os meritórios créditos da nossa classe profissional. Fazem jus ao ditado antigo: "Loulé é boa madrasta e má mãe".

Anónimo disse...

Parabens ARQUITECTO Pedroso o estudo esta muito agradavel, afinal não precisamos de Vips pagos aos milhões. A loiça da casa esta ao melhor nivel ! Continue o bom trabalho !
João Fernandes.

Anónimo disse...

Simplesmente maravilhoso e ao seu melhor nível, amigo Pedroso. Quem sabe sabe e o resto é conversa... conversa essa que querem nos dar para o Centro Cultural, ou melhor, sala cultural, pois é o que parece nos quererem dar... Pois com ums das Câmaras mais ricas do país, o dinheiro até sai pelas orelhas, e para os luxos desnecessários como convidar Arquitectos estrangeiros, ditos de renome, quando temos Arquitectos como tu, amigo Pedroso... Aquele Abraço Amigo... C.Carmo

ATELIER PEDROSO disse...

Caríssimos:
Diz o povo que " ninguém é profeta na sua terra " e parece que no Algarve também se aplica. Falo em nome de todos os arquitectos algarvios que constantemente são pura e simplesmente afastados da possibilidade de intervir no seu próprio território. E não me refiro a adjudicações directas, apenas à possibilidade de participarem em pé de igualdade com os outros.Há aqui qualquer coisa que me cheira a provincialismo bacoco...os de fora é que são bons.