segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

TURISMO EM TEMPO DE CRISE


O turismo é essencial a Portugal, entre outras coisas, porque, esfalfadas as remessas dos emigrantes, constitui uma fonte de captação de receitas externas, ie, de exportação.
De acordo com a DG Turismo a balança de turismo foi 4303 m€ em 2008 (Jan a Nov).
As receitas foram 7031 e as despesas 2727 m€. Muito positivo, portanto.
O que vai acontecer nos próximos tempos? É isso que interessa.
De acordo com o Barómetro Mundial do Turismo da OMT (Jan.09)

(…)
- Em consequência, e prevendo-se que o cenário de crise económica se prolongue para 2009, a OMT perspectiva para o turismo internacional, em 2009, uma estagnação (0%) ou mesmo um ligeiro declínio (-1% a -2%).
Como estas são antecipações gerais dão-nos apenas uma imagem geral. Não nos dizem o que vai acontecer ao turismo na Europa, nem em Portugal, nem no Algarve. E, por outro lado, nas actuais condições de instabilidade é natural que as previsões ainda sejam menos úteis e que sejam agravadas por uma necessidade – politicamente correcta – de puxar para o optimismo.
É de antecipar uma contracção do turismo em Portugal nos próximos anos. Como vemos pelo gráfico, a crise de 2001 levou à queda prolongada das dormidas na hotelaria até 2004, o ano do Euro. Depois houve uma recuperação deste indicador até 2007. Em 2008, a tendência foi já de queda.

TURISMO: DORMIDAS NA HOTELARIA (e média móvel de 12 meses)
milhares
A crise global é o factor que temos mais à mão para antever esta quebra. E chega para poder arrastar o sector por uma fase complicada, porque quando é preciso fazer cortes as despesas de turismo estão na parte de cima da lista.
A somar à crise há também a taxa de câmbio. Se o euro se apreciar a capacidade de atracção relativa da Zona Euro será afectada e vice-versa.
Mas nem tudo será mau. Por um lado, o petróleo parece que não vai levantar a cabeça tão cedo e isso permite que as viagens não aumentem de preço, favorecendo o turismo. Ou seja, a própria crise gera mecanismos de compensação via redução da inflação que permitem que os rendimentos não sofram uma erosão inflacionista tão grande. Por outro lado, haverá sempre um efeito de substituição, ie, destinos mais afastados e mais caros podem ser substituídos por destinos mais próximos e mais baratos e isso favorece alternativas turísticas europeias. Por fim, há um esforço da generalidade dos governos para não deixar cair a actividade económica, para não destruir o tecido produtivo. A forma mais imediata de olhar para isto é esperar benesses do Allgarve mas também pode ser por outra via: os governos europeus - por exemplo o espanhol que vê a economia em muito maus lençóis e ainda tem dinheiro no bolso – podem ser levados a suportar mais o turismo social, o que não seria má ideia para os nossos hotéis, em especial, na época baixa.
Uma parte do futuro próximo liga-se com a capacidade de resposta do sector a aspectos específicos como mercados de origem e/ou segmentos menos afectados, capacidade de comprimir margens, etc. Mas isso deixo para quem percebe.
Luis Rosa

1 comentário:

Anónimo disse...

João; ainda não sabes mas escolhi-te... passa no "sebastião" e descobre o que tens que fazer!