quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

UMBIGOS


O umbigo da classe política – chapeau às excepções - parece um labirinto que os impede de encontrar a saída ou então um poço que os faz andar à roda, à roda, à roda.
A coisa está brava. Mas o protótipo da nomenclatura partidária não arreda as palas e fixa obsessivamente o que lhe estabeleceram como objectivo do mês.
Exemplos não faltam. O desplante que constitui a Lei das Finanças Regionais – leia-se a forma oficial de calafetar, ainda mais e de novo e em plena crise, o governo da Madeira – é apenas um.
Mas falemos de coisas bem melhores...
A polémica pré-eleitoral acerca dos grandes investimentos serve. De um lado, os grandes investimentos eram o zénite e o nadir da política económica e essenciais para arrastar o investimento privado e para relançar o País numa era de desenvolvimento. Do outro lado, os grandes investimentos eram, no auge da guerra pré-eleitoral, para arrasar. Teriam de passar por um crivo apertado e boa parte seria abandonada. Por exemplo, o TGV.
Andava tudo distraído? A questão não passa exactamente por opções (supostamente) ideológicas. Não vale a pena inventar divergências que não existem. A coisa é mais simples: a farra vai depender da quermesse e a quermesse está fraca, muito fraca.
O défice do Estado foi 9.3% e a dívida pública vai a caminho de 80% do PIB. Estes números podem não dizer muito mas querem dizer que não há dinheiro, ponto. Não vale a pena polemizar virulentamente. Não vale a pena confrontarem entre si verdades totais. Os grandes investimentos vão fazer-se em versão minimalista, à velocidade de comboio-correio e despachados para as calendas.
Mas isto passava ao lado de muita gente, em especial, dos que imaginam o Universo um apêndice do seu umbigo.

Luis Rosa

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